Home
Betty Faria
Carlos Diegues
cinema brasileiro
classicos
critica
drama
Emmanuel Cavalcanti
Fábio Júnior
filme brasileiro
Jofre Soares
José Wilker
Príncipe Nabor
Zaira Zambelli
Bye Bye Brasil
Bye Bye Brasil
Bye Bye Brasil (1979), dirigido por Carlos Diegues, é uma obra emblemática que se destaca não apenas por sua narrativa envolvente, mas também por sua profunda reflexão sobre a identidade brasileira, o espetáculo midiático e as transformações sociais em curso na época. Situado no contexto do Cinema Novo, o filme apresenta uma trupe de artistas itinerantes que viaja pelo interior do Brasil, confrontando-se com as mudanças culturais e sociais que permeiam o país.
A narrativa segue a Caravana Rolidei, composta por personagens marcantes como Salomé, interpretada por Betty Faria, e Lorde Cigano, interpretado por José Wilker, que representam diferentes facetas da sociedade brasileira da época. A jornada da trupe, permeada por performances e fugas da concorrência televisiva, é uma metáfora das próprias transformações que o Brasil enfrentava na época, entre o tradicional e o moderno, o rural e o urbano.
A direção de Carlos Diegues é habilmente conduzida, capturando não apenas a paisagem exuberante do interior do Brasil, mas também a complexidade das relações humanas e sociais. Diegues utiliza uma abordagem ambígua, oscilando entre o compromisso social do Cinema Novo e as novas possibilidades de sua própria época, o que confere ao filme uma riqueza temática e estilística única.
As atuações são outro ponto alto de Bye Bye Brasil, com destaque para José Wilker e Betty Faria, que entregam performances cativantes e multifacetadas. Wilker personifica o charmoso e ambíguo Lorde Cigano, enquanto Faria incorpora com maestria a sensualidade e a determinação de Salomé. Fábio Júnior também se destaca como o sanfoneiro Ciço, trazendo uma autenticidade e simplicidade à sua interpretação.
Um dos momentos mais marcantes do filme é a cena em que Lorde Cigano e Zé da Luz, interpretado por Jofre Soares, se encontram em um momento de reflexão e desilusão. A utilização da música O Ébrio, de Vicente Celestino, como pano de fundo para esse encontro é emblemática, destacando a melancolia e a nostalgia de um Brasil em transição.
No entanto, apesar de suas muitas qualidades, em Bye Bye Brasil, algumas sequências podem parecer datadas ou excessivamente caricatas, refletindo as limitações técnicas e narrativas da época. Além disso, a ambiguidade da mensagem do filme pode deixar alguns espectadores desconcertados, sem uma conclusão clara sobre suas reflexões sobre a identidade brasileira e o espetáculo midiático.
Bye Bye Brasil é uma obra fascinante que merece ser revisitada e analisada à luz de seu contexto histórico e cultural. Com uma direção habilidosa, atuações cativantes e uma narrativa rica em simbolismo, o filme oferece uma reflexão profunda sobre a complexidade do Brasil e suas transformações sociais. Até mesmo suas ambiguidades e imperfeições são um lembrete da natureza multifacetada da experiência cinematográfica e da própria identidade brasileira.
Bye Bye Brasil (1979 / Brasil, Argentina, França)
Direção: Carlos Diegues
Roteiro: Leopoldo Serran, Carlos Diegues
Com: José Wilker, Betty Faria, Fábio Júnior, Zaira Zambelli, Príncipe Nabor, Emmanuel Cavalcanti, Jofre Soares
Duração: 110 min.
Ari Cabral
Bacharel em Publicidade e Propaganda, profissional desde 2000, especialista em tratamento de imagem e direção de arte. Com experiência também em redes sociais, edição de vídeo e animação, fez ainda um curso de crítica cinematográfica ministrado por Pablo Villaça. Cinéfilo, aprendeu a ser notívago assistindo TV de madrugada, o único espaço para filmes legendados na TV aberta.
Bye Bye Brasil
2024-05-17T08:30:00-03:00
Ari Cabral
Betty Faria|Carlos Diegues|cinema brasileiro|classicos|critica|drama|Emmanuel Cavalcanti|Fábio Júnior|filme brasileiro|Jofre Soares|José Wilker|Príncipe Nabor|Zaira Zambelli|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
King Richard: Criando Campeãs (2021), dirigido por Reinaldo Marcus Green , é mais do que apenas uma cinebiografia : é um retrato emocionalm...
-
Olhando para A Múmia (1999), mais de duas décadas após seu lançamento, é fácil perceber como o filme se tornou um marco do final dos anos ...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Com previsão de lançamento para maio desse ano, Estranhos , primeiro longa do diretor Paulo Alcântara terá pré-estreia (apenas convidados) ...
-
Amor à Queima Roupa (1993), dirigido por Tony Scott e roteirizado por Quentin Tarantino , é um daqueles filmes que, ao longo dos anos, se...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...