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Labirinto - A Magia do Tempo
Labirinto - A Magia do Tempo
Labirinto – A Magia do Tempo, lançado em 1986, é um daqueles filmes que, mesmo não tendo sido um sucesso estrondoso nas bilheterias, conquistou um lugar especial no coração de gerações de cinéfilos. Com uma mistura envolvente de fantasia, música e personagens cativantes, o filme dirigido por Jim Henson e estrelado por David Bowie e Jennifer Connelly continua a ser um marco na cultura pop, apreciado tanto por seu valor artístico quanto pela nostalgia.
A história de Labirinto começa de forma aparentemente simples, mas logo se revela uma aventura complexa e emocionalmente rica. Sarah (Jennifer Connelly) é uma adolescente frustrada e sonhadora que se vê obrigada a cuidar de seu meio-irmão bebê, Toby, enquanto seus pais saem. Em um acesso de raiva, ela recita uma invocação mágica e deseja que ele seja levado pelo Rei dos Duendes, Jareth (David Bowie). Para sua surpresa, seu desejo se torna realidade e Toby é sequestrado por Jareth. O Rei dos Duendes então oferece a Sarah um desafio: ela tem 13 horas para atravessar um labirinto intrincado e resgatar Toby antes que ele se torne um duende para sempre.
Jennifer Connelly entrega uma performance impressionante como Sarah. Com apenas 16 anos na época, ela consegue transmitir a vulnerabilidade e a determinação da personagem de forma convincente. Sua jornada é tanto uma aventura física quanto um rito de passagem emocional, onde ela aprende sobre responsabilidade, coragem e o verdadeiro significado de amadurecimento. Connelly equilibra bem a inocência inicial de Sarah com o crescimento que ela experimenta ao longo do filme.
David Bowie, como Jareth, é simplesmente hipnotizante. Sua presença magnética e seu carisma natural elevam o personagem a um nível icônico. Bowie não só interpreta o vilão com um charme perigoso, mas também contribui significativamente para a trilha sonora do filme. Canções como "Magic Dance", "As the World Falls Down" e "Underground" não só complementam a narrativa, mas também se tornaram clássicos por si mesmos. A atuação de Bowie é uma mistura perfeita de ameaça e sedução, fazendo de Jareth um dos vilões mais memoráveis do cinema dos anos 80.
O filme aborda temas profundos de forma acessível. A jornada de Sarah pelo labirinto é uma metáfora clara para o caminho do amadurecimento, cheio de desafios e descobertas. A presença de criaturas mágicas e situações surreais serve como alegorias para as emoções e os conflitos internos que a personagem enfrenta. A amizade, a lealdade e a autodescoberta são temas centrais que são familiares a qualquer espectador.
O filme é dirigido por Jim Henson, criador dos Muppets, e sua marca distintiva é visível em cada quadro. Henson consegue criar um mundo vibrante e visualmente deslumbrante que é ao mesmo tempo encantador e assustador. Os bonecos e marionetes, uma especialidade de Henson, são impressionantes, dando vida a criaturas fantásticas como Hoggle, Ludo e Sir Didymus. Cada personagem é meticulosamente detalhado, demonstrando a habilidade incomparável de Henson em criar universos que parecem palpáveis e habitados. O design de produção é riquíssimo, com cenários que variam de florestas encantadas a pântanos fétidos, todos meticulosamente construídos para criar uma sensação de mundo vivo e respirante.
A produção de George Lucas também acrescenta um nível de qualidade técnica ao filme. Lucas, famoso por Star Wars, traz sua expertise em efeitos especiais para Labirinto, resultando em cenas que, mesmo décadas depois, ainda são capazes de impressionar. Um belo exemplo é a coruja nos créditos iniciais, um dos primeiros usos de CGI para criar um animal realista. Embora os efeitos possam parecer datados para os padrões atuais, na época eram inovadores e contribuíram significativamente para a imersão no mundo do filme.
Uma das cenas mais icônicas do filme é o baile de máscaras. Este momento onírico condensa a estranheza e a beleza do mundo de Jareth. A coreografia, os figurinos elaborados e a canção "As the World Falls Down" cantada por Bowie criam uma atmosfera de sonho que é ao mesmo tempo fascinante e perturbadora. É uma representação visual do conflito interno de Sarah e seu crescimento ao longo da história. No entanto, um ponto negativo que pode ser apontado é o ritmo do filme. Em alguns momentos, a narrativa parece arrastar-se, especialmente nas cenas que dependem muito dos bonecos e marionetes.
Labirinto – A Magia do Tempo, apesar do fracasso comercial inicial, é uma joia rara no cinema de fantasia que encontrou um público fiel e se tornou um clássico cult. Ele nos convida a revisitar a magia da infância enquanto explora temas universais de crescimento e descoberta. Com performances memoráveis de Jennifer Connelly e David Bowie, direção magistral de Jim Henson e uma produção de alta qualidade, o filme continua a ser um épico atemporal e sua influência é visível em várias mídias, incluindo adaptações em quadrinhos pela Marvel e referências em outros filmes e séries.
Labirinto – A Magia do Tempo (Labyrinth, 1986 / Reino Unido/ EUA)
Direção: Jim Henson
Roteiro: Terry Jones
Com: David Bowie, Jennifer Connelly, Toby Froud, Brian Henson, Frank Oz
Duração: 101 min.
Ari Cabral
Bacharel em Publicidade e Propaganda, profissional desde 2000, especialista em tratamento de imagem e direção de arte. Com experiência também em redes sociais, edição de vídeo e animação, fez ainda um curso de crítica cinematográfica ministrado por Pablo Villaça. Cinéfilo, aprendeu a ser notívago assistindo TV de madrugada, o único espaço para filmes legendados na TV aberta.
Labirinto - A Magia do Tempo
2024-07-31T08:30:00-03:00
Ari Cabral
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