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Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial
Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial
No dia 20 de julho de 1969, há 55 anos, o homem pisou na Lua pela primeira vez, durante a Missão Apollo 11. Mas, antes disso, segundo o roteiro de Richard Linklater, um erro de cálculo criou uma outra missão. Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial é mais um filme dirigido por Richard Linklater e que merece destaque. Aclamado por seu trabalho em Boyhood: Da Infância à Juventude, Linklater é conhecido por sua capacidade de transformar o cotidiano em algo extraordinário, e aqui não é diferente. O filme, disponível na Netflix, leva o espectador a uma viagem nostálgica aos anos 60, mais especificamente ao período da corrida espacial, através dos olhos de Stan, um garoto que mora nos subúrbios de Houston, perto da sede da NASA.
A trama se desenrola em torno de uma premissa fantasiosa: Stan, um jovem estudante, é recrutado pela NASA para uma missão ultrassecreta. Devido a um erro de cálculo, a agência espacial construiu uma cápsula pequena demais para um adulto, necessitando de um garoto para realizar o teste. O ponto de partida pode parecer absurdo, mas é justamente essa imaginação infantil que Linklater utiliza para mergulhar o espectador em uma fábula que mistura realidade e fantasia.
A escolha de usar a técnica de rotoscopia, onde os animadores desenham sobre cenas live-action, já foi vista em trabalhos anteriores do diretor, como Waking Life e O Homem Duplo. No entanto, em Apollo 10 e Meio, essa técnica ganha uma nova dimensão. Ao invés de enfatizar a irrealidade, a rotoscopia aqui reforça a verossimilhança, criando uma atmosfera que é ao mesmo tempo palpável e mágica. Os visuais são coloridos e quentes, transformando o cotidiano suburbano em uma fantasia visual que captura a essência da memória e da nostalgia.
Linklater é um mestre em capturar a essência de uma época, e isso é evidente na riqueza de detalhes que ele insere em Apollo 10 e Meio. A narrativa é pontuada por referências culturais e históricas dos anos 60, desde a explosão da cultura pop até os embates políticos e sociais da época. A narração de Jack Black, que dá voz a um Stan adulto, serve como um guia através desse período, explicando com charme e um toque de saudade como era crescer durante a era da corrida espacial. A infância de Stan é descrita com um carinho palpável, desde as idas ao cinema com a avó até as tardes jogando fliperama e assistindo às séries de TV da época.
Apesar da abordagem nostálgica, Apollo 10 e Meio não se esquiva de apresentar as contradições e complexidades da época. A guerra do Vietnã, a guerra fria com a União Soviética e os conflitos raciais são abordados, mas sempre do ponto de vista de uma criança, onde os grandes eventos mundiais se tornam pano de fundo para as brincadeiras e descobertas cotidianas. Inclusive, esse contraste entre a grandiosidade histórica e a simplicidade da vida infantil é uma das forças do filme.
As performances, especialmente a narração de Jack Black, são um dos pontos altos do filme. Black consegue transmitir a mistura de maravilhamento e melancolia que permeia a história de Stan. Milo Coy, que interpreta o jovem Stan, também entrega uma atuação convincente, capturando a curiosidade e o entusiasmo de um garoto diante da vastidão do universo e das possibilidades infinitas que ele representa.
Em termos de direção, Linklater continua a demonstrar sua habilidade única de transformar o ordinário em algo extraordinário. Sua visão honesta e apaixonada da infância e da nostalgia é evidente em cada frame do filme. No entanto, essa honestidade às vezes pode se traduzir em uma execução que carece da naturalidade e da organicidade que são marcas registradas de seus melhores trabalhos.
Um dos momentos mais marcantes do filme é a sequência em que Stan descreve a experiência de estar dentro da cápsula espacial, uma mescla de realidade e fantasia que encapsula a essência do filme. Essa cena destaca a capacidade de Linklater de nos fazer sentir nostalgia por algo que nunca vivemos, um testemunho de sua habilidade como contador de histórias.
No fim das contas, Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial é uma obra que vale a pena ser vista, especialmente por aqueles que apreciam a capacidade única de Richard Linklater de transformar memórias em cinema. É um filme que consegue capturar a magia da infância e a melancolia da nostalgia, lembrando-nos que, no fim das contas, uma grande aventura está em como lembramos do passado e nos maravilhamos com as possibilidades do futuro.
Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial (Apollo 10 1⁄2: A Space Age Childhood, 2022 / EUA)
Direção: Richard Linklater
Roteiro: Richard Linklater
Com: Glen Powell, Zachary Levi, Jack Black
Duração: 98 min.
Ari Cabral
Bacharel em Publicidade e Propaganda, profissional desde 2000, especialista em tratamento de imagem e direção de arte. Com experiência também em redes sociais, edição de vídeo e animação, fez ainda um curso de crítica cinematográfica ministrado por Pablo Villaça. Cinéfilo, aprendeu a ser notívago assistindo TV de madrugada, o único espaço para filmes legendados na TV aberta.
Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial
2024-07-19T08:30:00-03:00
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