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X – A Marca da Morte
X – A Marca da Morte
X – A Marca da Morte (2022) é um filme que captura o espírito e a estética dos clássicos do horror slasher dos anos 1970, ao mesmo tempo que se destaca como uma obra contemporânea de Ti West. Reconhecido por suas abordagens distintas ao gênero, West entrega um filme que não só celebra os elementos tradicionais do slasher, mas também subverte algumas de suas expectativas. Este filme, estrelado por Mia Goth, Jenna Ortega e Brittany Snow, mergulha profundamente no gênero enquanto traz um frescor que o distingue.
A trama de X – A Marca da Morte gira em torno de um grupo de jovens cineastas que viajam para o Texas dos anos 1970 com o objetivo de gravar um filme pornográfico. A escolha do local, uma fazenda isolada alugada a um preço acessível, rapidamente se revela uma decisão perigosa quando os anfitriões idosos, Howard (Stephen Ure) e Pearl, também interpretada por Mia Goth, mostram-se ainda mais sinistros do que inicialmente aparentavam. A tensão cresce quando Pearl, fascinada pela juventude e beleza de Maxine (Mia Goth), começa a agir de maneira estranha, desencadeando uma série de eventos macabros.
Desde os primeiros momentos, X – A Marca da Morte estabelece uma atmosfera carregada de tensão. A direção de Ti West é meticulosa, utilizando travellings lentos e planos longos para construir uma sensação de inquietação. A escolha de iniciar o filme com uma sequência que antecipa o desfecho cria uma expectativa constante e uma sensação de inevitabilidade trágica. Esta abordagem não só homenageia clássicos do gênero como O Massacre da Serra Elétrica, mas também prepara o espectador para um passeio violento e perturbador.
Mia Goth oferece uma atuação impressionante ao interpretar tanto a jovem aspirante a estrela pornô Maxine quanto a idosa e perturbada Pearl. Goth consegue diferenciar claramente as duas personagens, proporcionando uma profundidade que vai além do que geralmente se espera em filmes slasher. Sua performance como Pearl, em particular, é carregada de uma melancolia e frustração que humanizam a personagem, mesmo enquanto ela comete atos de violência extrema. Jenna Ortega e Brittany Snow também se destacam, trazendo uma autenticidade e carisma que tornam seus personagens mais do que simples vítimas estereotipadas.
Ti West, já conhecido por filmes como A Casa do Demônio, demonstra novamente sua habilidade em manipular a atmosfera e a tensão. Ele evita cair na armadilha de apenas reciclar os clichês do gênero. Em vez disso, West explora as motivações e desejos dos personagens, especialmente no que diz respeito ao sexo e à mortalidade. A decisão de situar a narrativa no contexto da indústria pornográfica dos anos 1970 não é apenas um artifício estilístico, mas serve como uma metáfora para o próprio gênero slasher. A pornografia, assim como os filmes de terror, muitas vezes é desprezada e marginalizada, mas Ti West desafia essa percepção ao apresentar personagens que são orgulhosos do que fazem e que buscam a realização através de suas escolhas, por mais condenáveis que possam parecer.
Um dos momentos mais marcantes do filme ocorre durante o primeiro assassinato, onde a cinematografia altera as leis naturais da luz. A cena é banhada em um vermelho intenso, quase surreal, simbolizando a fusão entre desejo e morte. Este uso estilizado da cor não apenas choca visualmente, mas também destaca a transformação de Pearl de uma figura trágica para uma assassina implacável. A violência em X – A Marca da Morte é gráfica e sem remorso, satisfazendo os fãs do gênero que procuram por cenas de gore bem executadas. No entanto, embora a brutalidade seja eficaz, a narrativa do terceiro ato parece perder um pouco do ímpeto estabelecido anteriormente e a conclusão, embora sangrenta, carece da urgência e da explosividade que o filme vinha construindo.
A produção da A24, conhecida por filmes de terror sofisticados como A Bruxa e Hereditário, pode inicialmente parecer um desvio para a produtora. No entanto, X – A Marca da Morte encontra seu lugar ao se posicionar como uma carta de amor ao cinema de horror clássico, enquanto sublinha a necessidade de reconhecer e valorizar o cinema de gênero. A ironia aqui é palpável: uma produtora de filmes de horror elevado financia um filme que celebra a crueza e a simplicidade do slasher, um gênero frequentemente desprezado.
X – A Marca da Morte é um filme que, embora não revolucionário, traz uma abordagem fresca e respeitosa ao gênero slasher. A direção cuidadosa de Ti West, combinada com performances robustas, especialmente de Mia Goth, tornam este filme uma experiência gratificante para os fãs do horror. Ele consegue equilibrar a homenagem com a subversão, entregando um filme que é tanto uma celebração quanto uma crítica ao gênero. Acredito apenas que a construção meticulosa de suspense poderia ter culminado em uma conclusão mais impactante. X – A Marca da Morte é um exemplo notável de como o terror slasher pode ser revitalizado com inteligência e paixão.
X – A Marca da Morte (X, 2022 / EUA)
Direção: Ti West
Roteiro: Ti West
Com: Mia Goth, Jenna Ortega, Brittany Snow, Kid Cudi, Martin Henderson, Owen Campbell
Duração: 105 min.
Ari Cabral
Bacharel em Publicidade e Propaganda, profissional desde 2000, especialista em tratamento de imagem e direção de arte. Com experiência também em redes sociais, edição de vídeo e animação, fez ainda um curso de crítica cinematográfica ministrado por Pablo Villaça. Cinéfilo, aprendeu a ser notívago assistindo TV de madrugada, o único espaço para filmes legendados na TV aberta.
X – A Marca da Morte
2024-07-08T08:30:00-03:00
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