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Guerreiros de Fogo
Guerreiros de Fogo
Lançado em 1985, Guerreiros de Fogo (Red Sonja) é uma adaptação cinematográfica que pode ser lembrada tanto pelo seu valor cult quanto pela sua recepção controversa. Dirigido por Richard Fleischer, conhecido também por Conan, o Destruidor (1984), o filme tenta seguir a esteira do sucesso dos dois filmes de Conan, mas com resultados bem diferentes.
O produtor Dino De Laurentiis, responsável por trazer Conan para as telonas, procurava capitalizar o sucesso de Arnold Schwarzenegger e a popularidade dos personagens criados por Robert E. Howard. No entanto, Guerreiros de Fogo não conseguiu replicar a mesma magia. Com Brigitte Nielsen no papel titular, o filme também conta com a participação de Schwarzenegger, desta vez interpretando Kalidor, um bárbaro genérico, já que os produtores não detinham os direitos sobre o nome Conan. Dizem que Kalidor era um nome que Conan usava em suas andanças. Dizem…
A trama do filme é simples: Red Sonja, uma guerreira destemida que viu sua família ser destruída pela maligna Rainha Gedren, interpretada por Sandahl Bergman, busca vingança e quer destruir um talismã poderoso que a vilã utiliza para tentar dominar o mundo. Acompanhada por Kalidor, Sonja enfrenta diversos obstáculos, incluindo monstros e inimigos diversos, em uma jornada que mistura elementos de fantasia e ação.
Richard Fleischer, um diretor veterano com uma carreira marcada por sucessos como 20.000 Léguas Submarinas e Os Vikings, aqui parece ter perdido o toque. Sua direção é marcada por uma decupagem pobre e uma falta de coesão narrativa que tornam o filme uma colcha de retalhos desorganizada. A direção de arte é inconsistente, com cenários que variam de bonitos a claramente amadores, utilizando pedras de papel amassado e efeitos visuais rudimentares que não se sustentam.
Brigitte Nielsen, em sua estreia no cinema, não consegue trazer a profundidade necessária para a personagem Red Sonja. Embora sua presença física seja imponente, sua atuação é bastante limitada, carecendo de expressividade emocional. Comparada a Schwarzenegger, que já tinha experiência em papéis de ação, Nielsen parece deslocada, e sua performance destaca ainda mais a falta de química entre os protagonistas.
Arnold Schwarzenegger, por sua vez, participa do filme de forma quase cômica. Embora sua presença física seja inegável, sua atuação em Guerreiros de Fogo é mais patética do que heroica, surgindo apenas para salvar Sonja em momentos críticos e desaparecendo logo em seguida. Um estereótipo do macho salvador. Sua performance, que já não era das melhores nos filmes anteriores de Conan, aqui é ainda mais rasa, destacando as limitações do roteiro.
A vilã do filme, Rainha Gedren, interpretada por Sandahl Bergman, é um ponto que poderia ter sido melhor explorado. Bergman, que recusou o papel de Sonja para evitar estereótipos, entrega uma performance que oscila entre o exagerado e o caricato. Sua personagem, com uma aparência marcante e traços de vilania clássica, carece de desenvolvimento e profundidade, tornando-se apenas uma figura de oposição sem nuances.
Apesar de seus muitos defeitos, Guerreiros de Fogo tem momentos que merecem destaque. A trilha sonora, composta pelo lendário Ennio Morricone, adiciona um toque épico e grandioso às cenas, elevando um pouco a qualidade geral do filme. Além disso, as participações de Ernie Reyes Jr. como o Príncipe Tarn e Ronald Lacey como Ikol são agradáveis surpresas. Reyes Jr., com suas habilidades marciais, traz energia às cenas de ação, enquanto Lacey oferece uma atuação simpática como o leal guarda-costas.
O roteiro de Clive Exton e George MacDonald Fraser é um dos pontos mais fracos do filme. A história parece desconjuntada, com uma introdução corrida e subtramas mal desenvolvidas. A lógica interna do filme é frequentemente quebrada, e a motivação dos personagens é superficial, resultando em uma narrativa que não se sustenta. A promessa inicial de um filme de vingança com elementos mágicos se perde rapidamente, dando lugar a uma sequência de eventos previsíveis e mal conectados.
Um momento marcante, que exemplifica bem os problemas do filme, é a cena em que Sonja é treinada por seu sensei. A coreografia da luta é tão artificial e desajeitada que se torna risível. Quando o mestre declara que Sonja é a guerreira mais preparada que ele já viu, a reação do público pode ser de riso ou de vergonha alheia, evidenciando a falha na execução.
Em resumo, Guerreiros de Fogo é um filme que se destaca mais por suas falhas do que por seus méritos. Embora tenha se tornado um cult ao longo dos anos, graças à sua estética exagerada e ao charme trash, ele representa uma tentativa fracassada de replicar o sucesso dos filmes de Conan. As atuações fracas, a direção inconsistente e o roteiro problemático fazem deste um filme que é lembrado mais pelo que poderia ter sido do que pelo que realmente é. Para os fãs de fantasia dos anos 80, ele ainda pode oferecer uma dose de nostalgia e diversão despretensiosa, mas não espere encontrar aqui o brilho dos grandes clássicos do gênero.
Guerreiros de Fogo (Red Sonja, 1985 / EUA, Holanda)
Direção: Richard Fleischer
Roteiro: Clive Exton, George MacDonald Fraser
Com: Brigitte Nielsen, Arnold Schwarzenegger, Sandahl Bergman, Paul L. Smith, Ernie Reyes Jr.
Duração: 89 min.
Ari Cabral
Bacharel em Publicidade e Propaganda, profissional desde 2000, especialista em tratamento de imagem e direção de arte. Com experiência também em redes sociais, edição de vídeo e animação, fez ainda um curso de crítica cinematográfica ministrado por Pablo Villaça. Cinéfilo, aprendeu a ser notívago assistindo TV de madrugada, o único espaço para filmes legendados na TV aberta.
Guerreiros de Fogo
2024-07-03T08:30:00-03:00
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