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Morbius
Morbius (2022), dirigido por Daniel Espinosa e estrelado por Jared Leto, é uma tentativa ambiciosa da Sony de expandir seu universo cinematográfico baseado nos personagens ligados ao Homem-Aranha. A história segue o Dr. Michael Morbius, um cientista brilhante afligido por uma rara doença sanguínea que, em sua busca desesperada por uma cura, se transforma em uma criatura vampírica. Apesar das expectativas, o filme falha em encontrar uma identidade própria, resultando em uma obra que oscila entre o gênero de super-heróis e o horror, sem se destacar em nenhum deles.
Jared Leto interpreta Michael Morbius com um compromisso que reflete sua dedicação ao método de atuação. Ele traz uma seriedade ao papel, mergulhando na transformação física e emocional de seu personagem. No entanto, a profundidade de sua performance é muitas vezes ofuscada por um roteiro fraco e efeitos especiais abaixo da média. O roteiro, escrito por Matt Sazama e Burk Sharpless, não consegue explorar plenamente as complexidades de Morbius. Em vez disso, recorre a clichês e diálogos expositivos que subestimam a inteligência do público. A transformação de Morbius em uma figura vampiresca poderia ter sido um ponto alto do filme, mas é tratada de maneira superficial e previsível.
Daniel Espinosa, conhecido por seu trabalho em Vida (2017), tenta criar uma atmosfera sombria e tensa, mas é constantemente impedido por uma montagem apressada que compromete o ritmo e a coesão da narrativa. As cenas de ação, que deveriam ser emocionantes e intensas, são muitas vezes confusas devido ao excesso de efeitos CGI mal executados. A tentativa de emular o estilo de filmes de sucesso como Matrix e John Wick é evidente, mas Morbius carece da originalidade e da execução precisa que fizeram desses filmes ícones de seus respectivos gêneros.
O elenco de apoio inclui Adria Arjona como Martine Bancroft, a colega e interesse amoroso de Morbius, e Matt Smith como Milo, o amigo de infância e eventual antagonista. Arjona e Smith entregam performances competentes, mas são prejudicados por personagens mal desenvolvidos. A dinâmica entre Morbius e Milo, que poderia ter sido uma exploração fascinante de amizade e rivalidade, é reduzida a um conflito simplista sem motivações convincentes. Milo, em particular, se transforma de um amigo tímido e introspectivo em um vilão clichê sem uma transição adequada.
Visualmente, Morbius tenta capturar a escuridão e o mistério associados aos vampiros, mas a fotografia insípida e as cenas de ação mal coreografadas minam esses esforços. As referências a clássicos do horror como Nosferatu e Drácula parecem deslocadas, servindo mais como uma lembrança do que o filme poderia ter sido se tivesse uma visão mais clara e ousada. A comparação com Blade (1998) é inevitável, e Morbius sai perdendo, falhando em capturar a mesma energia e inovação.
Um dos pontos mais frustrantes do filme é a forma como ele se estrutura em torno de cenas pós-créditos, que foram amplamente promovidas nos trailers. Essas cenas, destinadas a conectar Morbius a um universo cinematográfico maior, são anti climáticas e pouco convincentes. Elas destacam a falta de um plano coerente para o personagem e o universo em que ele habita. Em vez de empolgar, essas cenas reforçam a sensação de que o filme é um produto feito para capitalizar sobre a popularidade dos filmes de super-heróis, sem a paixão ou o cuidado necessários para criar algo memorável.
Apesar de seus inúmeros problemas, Morbius tem momentos que mostram potencial. A atuação de Leto, embora prejudicada pelo material com que trabalha, tem momentos de brilho, especialmente nas cenas que exploram a luta interna de Morbius entre sua humanidade e sua nova natureza vampírica. Essas cenas, embora raras, oferecem um vislumbre do filme que Morbius poderia ter sido se tivesse se comprometido a explorar seu personagem principal com mais profundidade.
A direção de Espinosa é prejudicada por uma montagem que parece mais focada em manter o filme curto do que em contar uma história coerente. A narrativa é repleta de elipses que deixam lacunas significativas, dificultando o envolvimento emocional do público. As cenas que deveriam construir tensão e desenvolver personagens são frequentemente truncadas, resultando em uma experiência fragmentada e insatisfatória.
Morbius é um filme que tenta agradar a todos, mas acaba não agradando a ninguém. Sua tentativa de mesclar horror com elementos de super-heróis resulta em um produto que não é suficientemente assustador para os fãs de horror, nem suficientemente emocionante para os fãs de super-heróis. A Sony parece indecisa sobre a direção que quer tomar com seus filmes derivados do Homem-Aranha, e Morbius sofre por essa falta de clareza.
Morbius é um esforço fracassado de criar um novo anti-herói no universo cinematográfico da Sony. A atuação dedicada de Jared Leto e alguns momentos de potencial são ofuscados por um roteiro clichê, uma direção inconsistente e efeitos especiais decepcionantes. O filme serve como um lembrete de que, para que uma franquia prospere, é necessário mais do que apenas a popularidade do gênero; é preciso uma visão clara, execução cuidadosa e, acima de tudo, uma história coerente com o público que se pretende. Morbius não consegue alcançar esses objetivos, resultando em uma experiência esquecível e frustrante.
Morbius (Morbius, 2022 / EUA)
Direção: Daniel Espinosa
Roteiro: Matt Sazama, Burk Sharpless
Com: Jared Leto, Matt Smith, Adria Arjona, Jared Harris, Tyrese Gibson, Al Madrigal, Michael Keaton, Zaris-Angel Hator, Joe Ferrara, Charlie Shotwell, Joseph Esson
Duração: 104 min.
Ari Cabral
Bacharel em Publicidade e Propaganda, profissional desde 2000, especialista em tratamento de imagem e direção de arte. Com experiência também em redes sociais, edição de vídeo e animação, fez ainda um curso de crítica cinematográfica ministrado por Pablo Villaça. Cinéfilo, aprendeu a ser notívago assistindo TV de madrugada, o único espaço para filmes legendados na TV aberta.
Morbius
2024-08-28T08:30:00-03:00
Ari Cabral
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