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Hitch: Conselheiro Amoroso

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Hitch: Conselheiro Amoroso
é um daqueles filmes que, à primeira vista, parecem abraçar o clichê sem qualquer vergonha, mas que, ao olhar mais atento, revela uma tentativa – ainda que limitada – de trazer um frescor ao saturado gênero da comédia romântica. Dirigido por Andy Tennant, o mesmo cineasta responsável por filmes como Doce Lar e Anna e o Rei, Hitch se apresenta como um veículo perfeito para o carisma incontestável de Will Smith, mas acaba deixando um sabor agridoce na boca, tanto pela previsibilidade do roteiro quanto pelo desperdício de talento.

A premissa do filme é simples: Alex "Hitch" Hitchens (Will Smith) é um conselheiro amoroso em Nova York, especializado em ajudar homens inseguros a conquistar as mulheres dos seus sonhos. O trabalho de Hitch é meticuloso – ele organiza e planeja os três primeiros encontros, garantindo que seus clientes causem a melhor impressão possível. É uma ideia que, se explorada com mais profundidade, poderia render situações genuinamente engraçadas e até tocantes. No entanto, o roteiro de Kevin Bisch, em seu primeiro grande trabalho no cinema, se contenta em seguir a cartilha básica das comédias românticas, sem ousar se desviar do caminho já tão trilhado por tantas outras produções do gênero.

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Will Smith
, como sempre, desempenha seu papel com a energia e o carisma que o tornaram um dos astros mais queridos de Hollywood. Seu Hitch é seguro, articulado e imensamente simpático – o tipo de personagem que Smith poderia interpretar de olhos fechados. No entanto, por mais que o ator se esforce, há uma sensação de que ele está preso a um roteiro que não lhe permite explorar todo o seu potencial humorístico. As piadas físicas – como a cena em que Hitch sofre uma reação alérgica que incha seu rosto de forma exagerada – falham justamente por não se encaixarem na personalidade confiante do personagem. O que poderia ser um momento de vulnerabilidade cômica se transforma em uma gag forçada e deslocada, prejudicando o ritmo do filme.

Kevin James, por outro lado, rouba a cena em quase todas as suas aparições como Albert Brennaman, um contador desajeitado e adorável que busca conquistar a sofisticada socialite Allegra Cole, interpretada por Amber Valletta. James traz uma autenticidade e um timing cômico que fazem de Albert o verdadeiro coração do filme. Sua jornada de patinho feio a inesperado conquistador é onde Hitch encontra seu melhor ritmo e humor. É difícil não torcer por Albert, e cada uma de suas cenas oferece um alívio bem-vindo à narrativa previsível de Hitch e Sara.

E aqui chegamos a um dos maiores problemas do filme: a relação entre Hitch e Sara Melas, vivida por Eva Mendes. Mendes, embora inegavelmente bela, não consegue criar a química necessária com Smith para que o romance entre seus personagens seja convincente. Sara, uma colunista de fofocas, é pintada como uma mulher independente e impenetrável, mas o roteiro a transforma em um estereótipo, o que faz com que suas interações com Hitch pareçam artificiais e forçadas. A tentativa de humanizá-la através de um trauma passado relacionado à sua irmã falha miseravelmente, soando mais como um artifício dramático barato do que como uma profundidade genuína.

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A direção de Andy Tennant, enquanto competente, é conservadora, seguindo à risca as convenções do gênero sem arriscar novas abordagens. Tennant não é um diretor conhecido por inovações ou ousadias, e Hitch é um reflexo claro disso. Ele entrega um filme que é, em muitos aspectos, um trabalho seguro, polido, mas sem brilho. O ritmo do filme oscila, com momentos genuinamente engraçados, principalmente graças a Kevin James, mas também com passagens que parecem se arrastar sem necessidade – particularmente no terceiro ato, quando o filme começa a perder fôlego ao tentar resolver todas as subtramas de forma satisfatória.

Se há algo que realmente salva Hitch da mediocridade completa, é a sua capacidade de capturar certas verdades universais sobre o amor e as inseguranças que o acompanham. Em alguns diálogos, especialmente aqueles entre Hitch e Albert, o filme consegue tocar em questões genuínas sobre as dificuldades de ser você mesmo quando se está apaixonado e sobre o medo paralisante de ser rejeitado. É uma pena que esses momentos sejam enterrados sob camadas de clichês e humor forçado.

O final do filme, embora previsível, tenta subverter as expectativas ao não entregar exatamente o que o público poderia esperar de uma comédia romântica convencional. Contudo, essa tentativa de inovar chega tarde demais para resgatar o filme de sua própria previsibilidade. Hitch: Conselheiro Amoroso é uma comédia romântica que entretém, mas que dificilmente será lembrada como um marco no gênero. Ela cumpre o que promete, mas não oferece nada além do que já vimos inúmeras vezes antes.

Hitch é um filme que poderia ter sido muito mais se tivesse ousado desafiar as convenções do gênero em vez de se conformar com elas. Will Smith faz o que pode com o material que tem, mas é Kevin James quem realmente brilha, trazendo vida a uma produção que, de outra forma, seria facilmente esquecível. Para aqueles que buscam uma diversão leve e sem grandes surpresas, Hitch pode ser uma boa pedida.


Hitch: Conselheiro Amoroso (Hitch, 2005 / EUA)
Direção: Andy Tennant
Roteiro: Kevin Bisch
Com: Will Smith, Kevin James, Eva Mendes, Amber Valletta, Julie Ann Emery, Adam Arkin, Robinne Lee, Paula Patton, Jack Hartnett
Duração: 118 min.

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