Robert McKee, um dos principais consultores de roteiro de Hollywood veio ao Brasil nesta semana para um workshop e criticou a falta de escritores no cinema nacional. Segundo o guru, autor do cultuado livro Story, "Se um filme no Brasil é bom, ele geralmente é a adaptação de um livro. Muitas vezes o cinema brasileiro tem que esperar escritores fazerem bons livros que podem ser adaptados." Pode não estar de todo errado, mas acho que ele deveria olhar para a própria casa antes de apontar o erro alheio, afinal, não é de hoje de Hollywood adapta livros, peças, histórias em quadrinhos e, principalmente, os próprios filmes antigos. A nova tecnologia virou desculpa para uma enxurrada de refilmagens, muitas vezes sem sentido, como é o caso da estreia da semana Fúria de Titãs. O roteiro do original já não era essas coisas todas, imagine da refilmagem? O primeiro, pelo menos, tinha uma trama melhor amarrada e ligada à mitologia de Perseu, essa nova versão tornou a ira dos homens mais confusa e Perseu ficou quase uma marionete do destino.
Fico impressionada com a sinopse oficial, que diz que Perseu é "o único que pode salvar sua família de Hades". Não sei a que família ela se refere, já que quando parte para sua jornada, ela já foi morta. A história seria algo assim: o semi-deus (que ainda não sabe de sua condição) pesca com sua família quando presencia a fúria dos homens destruindo a estátua de Zeus. Hades aparece para castigar os homens e acaba matando a família do jovem que resolve se vingar. Ao descobrir sua origem, fica ainda mais irado contra todos os deuses e parte na missão de descobrir como destruir o Kraken, monstro do deus do mundo subterrâneo, antes que ele destrua a cidade de Argos. Acontece que Hades deu uma opção aos humanos, sacrificar a princesa Andromeda para poupar a todos e algumas pessoas vão achar que esta é a melhor solução.
Louis Leterrier, então, aposta sua direção nas cenas de ação, efeitos especiais e trilha sonora. Aliás, o desenho de som desse filme é o seu ponto mais forte. Quando Perseu entra na toca da Medusa, por exemplo, cada canal de som do cinema nos joga um estímulo diferente, dando uma boa sensação da cena. Ao contrário dos monstros em stop motion do original de 1981, estes são bem mais realistas, apesar da cabeça do Kraken lembrar o Ogro de Senhor dos Anéis e a cena de luta dos escorpiões gigantes nos remeter ao anime Cavaleiros dos Zodíaco. Aliás, essa é uma curiosidade interessante, já que o diretor é fã declarado da série e chamou Masami Kurumada para criar quatro cartazes do filme especialmente para o lançamento no Japão. Em geral, a direção de arte é bem feita, só contesto aquele estranho Olimpo e as roupas dos deuses (tá, eles estão meio que com as armaduras dos Cavaleiros dos Zodíaco, mas é muito estranho em atores de verdade). A exibição em 3D é um caso a parte. Avatar tornou tudo depois dele uma comparação desigual, já que James Cameron criou uma tecnologia própria de filmagem para o formato e a maioria dos filmes que estão sendo lançados apenas faz um transfer para simular o efeito. Então, nada vai ser parecido. Mas, no caso de Fúria de Titãs não é simplesmente o falta de elementos que saltam à tela. O material convertido às pressas é frágil. O que ele faz é dar a sensação de profundidade em algumas cenas como a chegada do Kraken pela água, onde é possível ver ondinhas em várias camadas, ou em uma cena em que Perseu observa o campo. Mas, a sensação não dura a projeção inteira, pelo contrário, há mais distorções que boas construções.
As atuações são outro ponto fraco, principalmente Liam Neeson, que definitivamente não convence como Zeus. Sam Worthington estava muito melhor como o herói de Avatar do que como o semi-deus Perseu e Ralph Fiennes é um Hades bastante alegórico e maniqueísta. Aliás, todos os deuses são retratados como vingativos e cruéis que só querem a adoração dos humanos para fortalecer o próprio Ego. Mas, de toda a miscelânia, se salva o entretenimento. Por incrível que pareça, é divertido assistir ao filme. Mesmo com os clichês de algumas cenas de ação, em especial o desfecho da jornada, o tempo passa sem que a gente perceba. Destaque para todas as cenas do mundo subterrâneo, principalmente a toca da Medusa.
GAME QUINCAS
E hoje é a grande estreia de Quincas nos cinemas. Já descobriu o nosso enigma? Vamos apenas revisar os passos para clarear as idéias, pense um pouquinho que você ainda tem chances...Na segunda-feira, foi lançado o desafio. O primeiro passo era assistir ao trailer do filme, localizar um ponto turístico e procurar por ele no youtube. A partir daí, outras pistas seriam encontradas para descobrir o nome de uma rua.
Na terça-feira, o nome da rua descoberta é a chave para abrir a próxima pista... E assim, por diante. Cada charada do dia, leva a uma chave para abrir a pista do post do dia seguinte, até que no post de ontem, veio a dica final. Basta mandar para o e-mail que foi indicado nele a resposta da forma como foi pedida (não explico melhor para não dar dica a quem não conseguir abrir os posts). Os três primeiros levam os prêmios.
Boa Sorte. Dia 24/05 tem o resultado com todas as respostas.
