Dois filmes sobre o mesmo tema: video games, mas com realidades opostas. De um lado o documentário de Lisanne Pajot e James Swirsky que acompanha três designers de games independentes tentando entrar no mercado. Do outro, o filme de Jeremy Snead, mais tradicional que resgata a história da indústria.Interessante que, além dos caminhos opostos de produção, os dois documentários também seguem estruturas divergentes, cada um com pontos positivos e outros negativos. Indie Game ganha enquanto técnica cinematográfica, mas Video Game se demonstra mais criativo. De qualquer maneira, ambos poderiam ser melhores, até pelo tema que seguem.
Vídeo Games é daqueles documentários bem limitados em sua estrutura narrativa. Muito próximo daquela linguagem que vemos em telerreportagens, vai rememorando os criadores dos primeiros games, passando pelos jogos e consoles que mudaram a indústria, sempre em depoimentos superficiais que pouco aprofundam no tema. Porém, ele é bastante criativo ao brincar com a estrutura dos próprios games, apresentando clipes divertidos, inserido cenas de derrota ou vitória a depender do assunto no momento, além de construir letterings com formato de joystick que lembra o universo dos games, tornando tudo mais ágil e fácil de acompanhar.
Já Indie Game é um documentário cinematográfico mais tradicional, que realmente acompanha seus entrevistados na dura jornada do independente. O sofrimento para conseguir construir um jogo praticamente sozinho, os sonhos, os anseios, os porquês de insistir naquilo.
É uma verdadeira luta de Davi contra Golias. Mesmo quando o jogo fica pronto, lançá-lo é sempre uma batalha, a falta de destaque, o torcer para que viralize. O filme vai mostrando os desafios e até as incongruências desses artistas que, em determinado momento, discursam sobre fazer o jogo para si, pouco se importando com o público, mas quando ele é lançado e não está em destaque, ficam irritados.
O que percebemos com Indie Game é que, apesar do espírito independente, de estar colocando a alma ali naquele jogo e ser este um reflexo de si mesmo, o designer quer ser reconhecido e adora ver as reações dos jogadores diante de sua criação. É uma jornada instigante, divertida, envolvente e nos torna próximo deles, querendo conhecer seus jogos e torcendo para que deem certo. Em determinado momento, um dos criadores conta a história de um desenho que fez na infância que se parece muito com um jogo que estava desenvolvendo. Um garoto no espaço que vai em busca de aventuras e, quando tenta retornar, a Terra está pequena e ele não consegue entrar, tendo que vagar no espaço. É uma bela metáfora do que eles são, pessoas que não se adaptam ao mundo dito normal.
O único problema de Indie Game é a criatividade gráfica da obra, tudo é muito básico. Os cortes são muito secos, os letterings são letras brancas em quadrados pretos. É tudo muito cru diante do tema que estão desenvolvendo. Mesmo nos momentos em que mostram os jogos, falta criatividade na montagem. Mas, enquanto filme, é muito melhor.
De qualquer maneira, para quem gosta do tema, é interessante assistir aos dois.
Indie Game (Indie Game: The Movie, 2012 / EUA)
Direção: Lisanne Pajot, James Swirsky
Duração: 94 min.
Video Games (Video Games: The Movie, 2014 / EUA)
Direção: Jeremy Snead
Duração: 101 min.
