Harry Potter é um fenômeno mundial, não há dúvidas. A própria literatura infanto-juvenil foi bastante modificada após seu lançamento. Diversas novas sagas surgiram, assim como filmes baseados neles. E no ano em que J.K. Rowling lança o oitavo livro do bruxo, o cinema volta a se render a esse universo, mas não exatamente com os mesmos protagonistas.
Os fãs da série sabem bem que "Animais Fantásticos e Onde Habitam" é o nome do livro que Harry e sua turma estudam em Hogwarts escrito por Newt Scamander. Pois bem, a nova série de filmes (a Warner já anunciou que serão cinco) é sobre o autor do livro e suas aventuras pelo mundo, estudando animais exóticos, enquanto o movimento do maligno bruxo Gellert Grindelwald começa a crescer.
Como a própria J.K. Rowling disse, não é um prequel, nem uma continuação, mas uma expansão do universo. E isso é interessante, pois acaba sendo uma obra que se justifica por si mesma em vez de parecer um retorno forçado para matar saudades dos fãs e ganhar alguns trocados em cima. É curioso, inclusive, sair um pouco de Londres e ver o mundo mágico em Nova York com suas regras próprias como a total impossibilidade de união entre bruxos e trouxas. Aliás, trouxas não, que lá eles são chamados de "não-maj", diminutivo de "não-mágicos". Na trama, Newt Scamander chega a Nova York com uma mala cheia de animais estranhos e um objetivo que será revelado mais à frente. Já na chegada, alguns animais se soltam e ele acaba envolvendo um "não-maj" e uma bruxa na confusão. Cabe agora a ele conseguir capturá-los ao mesmo tempo em que acontecimentos estranhos acontecem na cidade que pode ameaçar todo o mundo bruxo.
Apesar de todos os protagonistas serem adultos, ao contrário da Saga original, o enredo não é tão denso quanto poderia. O clima lembra mais os primeiros filmes de Harry Potter, quando os obstáculos são simples e o mal é até ingênuo ainda. Muito diferente do que vemos a partir de O Cálice de Fogo, por exemplo. Isso não chega a ser ruim, mas acaba não demonstrando um potencial tão grande ainda para emoções mais intensas.
Isso se reflete também no elenco, que acaba construindo atuações apenas ok, com duas exceções, uma para bem outra para o mal. Eddie Redmayne, que não consegue criar o carisma necessário para o novo protagonista, e Johnny Depp, que apesar da pouca participação demonstra ter se livrado da persona que o acompanha desde Piratas do Caribe, prometendo belas performances futuras. Detalhe que esse é o primeiro filme do universo de Harry Potter com atores não-ingleses. Porém, apesar da simplória história contada, do frágil protagonista e de um vilão ainda em construção, Animais Fantásticos e Onde Habitam é um filme extremamente divertido e envolvente. A magia consegue de fato invadir a tela e o ritmo melhora muito quando o mundo mágico se desnuda a nossos olhos. Os efeitos especiais são incríveis, nos apresentando animais e habitats encantadores. Encanta aos olhos não apenas dos fãs da antiga saga como a de novos olhares curiosos.
O filme consegue ainda trazer mensagens de tolerância e de respeito a minorias, assim como o combate ao preconceito que podem render ainda ótimas discussões e tramas. Sem falar na trama do movimento de Gellert Grindelwald, que ouvimos rumores na Saga Original e promete ter fôlego para muitas histórias ainda.
O que importa mesmo é que o mundo mágico invade a tela e novamente consegue envolver e encantar com suas possibilidades diversas criando um belo entretenimento. Um filme divertido que promete satisfazer fãs da Saga e espectadores avulsos.
Animais Fantásticos e Onde Habitam (Fantastic Beasts and Where to Find Them, 2016 / Reino Unido / EUA)
Direção: David Yates
Roteiro: J.K. Rowling
Com: Eddie Redmayne, Katherine Waterston, Alison Sudol, Colin Farrell, Johnny Depp
Duração: 133 min.
