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Um Time Show de Bola

O futebol é uma paixão mundial, basta observar o período de Copa do Mundo, quando diversos povos se reúnem em festa para celebrar o esporte bretão. Na América Latina, este amor parece ainda mais exacerbado e de todos os tipos. Não apenas futebol de campo, mas futebol de salão, de botão, e claro, o conhecido totó ou pebolim. É sobre ele que Um Time Show de Bola tenta nos falar.

Falo tenta, porque o filme argentino parece se perder em diversas questões, não mantendo o foco do que parecia a sua premissa: essa paixão pelo futebol. Vide a genial cena inicial, onde faz-se uma espécie de paródia de 2001 - Uma Odisseia no Espaço. Mas, isso se perde no desenvolvimento do roteiro, criando uma aventura boba e sem maiores atrativos.

A trama gira em torno de Amadeo, um garoto aficcionado por totó. Sua paixão é tanta que ele pintou e deu nome aos seus personagens, tornando-os únicos. Um dia, um garoto chamado Ezequiel o desafia para uma partida e acada perdendo. Arrogante, ele não admite a derrota e anos depois retorna a cidade, rico e famoso, para se vingar de Amadeo e de todos por ali.

Parece que Juan José Campanella, autor de pérolas como O Segredo dos seus Olhos, Clube da Lua e O Filho da Noiva, não considerou que a paixão pelo futebol fosse suficiente para um filme. Nem mesmo que a brincadeira mágica de jogadores de totó ganharem vida em partidas emocionantes fossem atrativos a ponto de nos entreter por quase duas horas. Assim, ele criou Ezequiel. E com ele, tudo o que faz de Metegol, o título original, um filme quase medíocre.

Um vilão bobo, pouco verossímil e com construções clichês em excesso. Assim é Ezequiel. Um garotinho arrogante que foi patrocinado por um homem rico, se tornou um astro do futebol e retornou à sua cidadezinha para se vingar da única derrota que teve na vida. Ok. Mas, aí a vingança é comprar a cidade e construir um parque temático em sua própria homenagem? Tudo tão exagerado. A própria destruição do bar onde está a mesa de totó é absurda, nem sequer desocupam o local, já chega destruindo.

E como se não bastasse vem a virada ainda menos crível. Uma disputa entre o time de Ezequiel, que é profissional e campeão, contra o time de Amadeo que nunca jogou futebol de campo, apenas no totó, e precisa reunir os moradores da cidadezinha para ter um time. A partida não ganha a emoção digna do esporte, mas se torna um show de trapalhadas infantis que não nos fazem comprar a ideia da trama.

E nisso tudo, os pobres jogadores de totó que ganharam vida parecem mais bibelôs de luxo que perdem uma grande oportunidade de explorar uma aventura de verdade. Cadê o futebol? O que seria o mote principal do filme se torna coadjuvante de luxo, renegado a segundo plano. E acabamos vendo mais do mesmo, exceto pelas brincadeiras e referências ao próprio cinema como a já citada cena inicial, ou quando temos um duelo sob um som conhecido ou a Cavalgada das Valquírias em determinada cena aérea.

Um Time Show de Bola acaba não cumprindo o que prometia. Um filme infantil, no sentido negativo da palavra, sem alma, que não empolga em nenhum momento. Uma pena, pois parecia que tinha fôlego para muito mais. Estamos mesmo em um mau ano para as animações.


Um Time Show de Bola (Metegol, 2013 / EUA)
Direção: Juan José Campanella
Roteiro: Juan José Campanella
Duração: 106 min.

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