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Abrigo Nuclear

Abrigo Nuclear - filmeEm 1981, Roberto Pires inovou mais uma vez fazendo história no cinema. Ele, que tinha dirigido o primeiro longa-metragem baiano (Redenção) e o filme que bateu Ben-Hur em bilheterias (A Grande Feira), agora levava às telas a primeira ficção científica brasileira. Em muitos pontos, Abrigo Nuclear é um marco.

Em um futuro não muito distante, o ser humano foi obrigado a abandonar a superfície devido à poluição radioativa no meio ambiente, passando a viver em um abrigo nuclear subterrâneo controlado por regras rígidas e onde qualquer informação do passado é proibida. Porém, um grupo de rebeldes se organiza em segredo para tentar desvendar o mistério e arrumar uma forma de retornar à superfície.

Abrigo Nuclear - filmeChama a atenção a criatividade de Roberto Pires em construir aquele mundo hostil. Além de dirigir, ele atua e produz a obra, tendo construído cenários e até um carro futurista que passeia pela areia depositando lixo nuclear em compartimentos. O visual é crível tanto no abrigo, com seus corredores imensos e suas salas de comando cheia de botões com design do que na época pensava-se ser futuristas, quanto na superfície que, apesar de alguma vegetação, é basicamente de areia e sol.

A trama também traz muitos elementos do gênero, seja pelo controle de uma minoria opressora, ou seja pela eterna necessidade do ser humano de liberdade. Mas, chama a atenção, principalmente a preocupação com a temática tão em voga na época, em plena Guerra Fria: o medo de uma catástrofe nuclear e a mensagem ecológica da necessidade de cuidar do planeta. Energias que até hoje discutimos e ainda não são plenamente usadas como eólica ou solar já são apontadas na obra.

Abrigo Nuclear - filmeO roteiro de Orlando Senna consegue nos conduzir em meio a tudo isso de uma maneira fluida e até divertida, o grande problema do filme talvez seja as atuações. Com diálogos ditados de maneira artificial, um pouco do ritmo da trama acaba sendo prejudicado, porém, é interessante que isso acabe contando também como estrutura narrativa diante de um ser humano cada vez mais artificial vivendo ali naquele abrigo e que a comandante representada por Conceição Senna acaba sendo a principal representante.

No final, temos uma obra que não é apenas curiosa como uma coisa alegórica, mas de fato um filme interessante e revolucionário em diversos aspectos. Uma tentativa de ir além do comum em uma cultura que ainda considera os gêneros uma coisa menor, da indústria norte-americana, mas que tão bem dialoga com o público em geral. E nada melhor do que uma ficção científica para refletir sobre a nossa realidade. Mais um ponto para Roberto Pires.

Cópia restaurada vista no XI Panorama Internacional Coisa de Cinema.

Abrigo Nuclear (1981 / Brasil)
Direção: Roberto Pires
Roteiro: Orlando Senna
Com: Conceição Senna, Roberto Pires, Norma Bengell, Nonato Freire
Duração: 95 min.

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